Uma parceria entre o Laboratório de Arqueologia da Universidade do Vale do Taquari - Univates e o Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat) está desempenhando um papel crucial na preservação da história da comunidade evangélica de Lajeado. O trabalho de salvamento arqueológico em andamento, situado nas proximidades de uma obra Igreja Evangélica na rua Júlio de Castilhos, revelou fragmentos de construções antigas, fazendo deste um esforço importante para a região, de acordo com a coordenadora do laboratório, professora doutora Neli Galarce Machado.
O pedido de acompanhamento arqueológico foi feito por professores do Ceat, mas logo atraiu a atenção dos alunos e da comunidade local. A equipe de especialistas da Universidade vai permanecer na área por algumas semanas. Os professores das Humanidades do Ceat acharam interessante a escola nos chamar para fazermos esse acompanhamento, pois é uma área de interesse histórico. Essa obra tem relação com a antiga igreja que existiu no local e também com a antiga escola, que funcionou dentro da igreja, explica Neli.
Embora a área tenha passado por muitas transformações ao longo das décadas, as expectativas iniciais eram de encontrar apenas entulho, segundo aponta a professora. No entanto, a equipe descobriu fragmentos de louças, e até mesmo informações da comunidade local indicaram que ali, onde a escavação ocorreu, havia a residência dos pastores da igreja. Pedaços de telhas francesas, tijolos e, recentemente, um ladrilho, possivelmente de uso doméstico, também foram encontrados.
Segundo Neli, esta pesquisa está apenas começando, e os dados históricos ainda estão em processo de coleta. No entanto, a iniciativa da escola em preservar esse patrimônio é digna de aplausos, com mais de 200 alunos já tendo passado pela área de escavação. Além de resgatar elementos da história da comunidade evangélica, o trabalho de acompanhamento também está lançando luz sobre a história da rua Júlio de Castilhos, no Centro de Lajeado, que teve um papel importante na urbanização da cidade no início do século XX. Também há essa conexão com a imigração, a partir da arqueologia, acrescenta a pesquisadora.
Após a conclusão do salvamento arqueológico, todos os artefatos e fragmentos encontrados serão submetidos a processos de limpeza e organização. Em seguida, o material será catalogado e entregue ao Ceat para ser exposto no museu da instituição.
Neli destaca que normalmente os salvamentos arqueológicos são realizados a pedido do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan) ou das autoridades municipais e estaduais quando há intervenções em construções históricas. No entanto, ela lembra que, no caso de Lajeado, não existe uma exigência legal para licenciamento patrimonial em empreendimentos dessa natureza.
Saiba mais
O Laboratório de Arqueologia - Labarq do Museu de Ciências foi criado em 2001 pela professora Neli Galarce Machado. Nele são realizadas atividades de pesquisa e extensão. Tem como foco principal o projeto de pesquisa Sociedade e Cultura: História Ambiental, Etno-história e Cultura Material, o qual tem como objetivo dar continuidade às pesquisas arqueológicas e históricas do Vale do Taquari, com ênfase nas questões geoambientais e na historicidade de grupos étnicos.
O Labarq é vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD), na área de concentração Espaço, Ambiente e Sociedade e na linha de pesquisa Espaço e Problemas Socioambientais. O laboratório efetivamente realiza pesquisas sobre as primeiras comunidades humanas na região do Vale do Taquari a partir de seu patrimônio cultural, com investigações arqueológicas, etno-históricas e ambientais.