Entre os dias 11 e 15 de outubro, seis professores de diferentes cursos de graduação da Universidade do Vale do Taquari - Univates tiveram a oportunidade de vivenciar uma experiência enriquecedora para sua qualificação profissional. Os docentes Sofia Royer Moraes (Engenharia Ambiental), Guilherme Osterkamp (Arquitetura e Urbanismo), Silvane Fensterseifer Isse (Educação Física), Fabiane Olegário (Pedagogia), Rosiene Almeida Souza Haetinger (Letras) e Carolina Becker Porto Fransozi (Engenharia Civil) participaram da Missão Docente ao Instituto Inhotim, realizando atividades em Belo Horizonte e Brumadinho, em Minas Gerais. A seleção dos participantes foi realizada por meio de processo seletivo divulgado em fevereiro de 2023, promovido pelo Núcleo de Apoio Pedagógico (NAP), que, além de elaborar o edital, providenciou reuniões prévias para sensibilização da experiência que estaria por vir.
Os professores Carolina (Engenharia Civil), Guilherme (Arquitetura e Urbanismo), Sofia (Engenharia Civil e Engenharia Ambiental), Silvane (Educação Física), Fabiane (Pedagogia) e Rosiene (Letras) formaram o time que participou da Missão Docente ao Instituto Inhotim.
O grupo de docentes embarcou com destino a Belo Horizonte (BH) no dia 11 e, chegando lá, se encantou com a arquitetura e o planejamento da cidade, podendo visualizar a organização e o planejamento da cidade e edificações projetadas pelo arquiteto Oscar Niemeyer, como o Edifício Niemeyer, concluído em 1960, cujas formas curvas impressionam pela beleza.
O Edifício Niemeyer, localizado na Praça da Liberdade, em BH, chama a atenção pela arquitetura em curvas.
Na Casa de Cultura Banco do Brasil, localizada na Praça da Liberdade, os professores visitaram a exposição Studio Drift Vida em Coisas, que, segundo a divulgação da instituição promotora do evento, provoca reflexões sobre a relação da humanidade com a natureza, por meio de esculturas e instalações hipnóticas. Usando a luz como um dos elementos básicos de construção de sua arte, Lonneke Gordijn e Ralph Nauta da dupla Drift exploram as relações dos seres humanos com a natureza e a tecnologia de forma simples e ao mesmo tempo profunda, conferindo aos visitantes a oportunidade de vivenciarem obras que tocam em elementos essenciais da vida na Terra. Nessa visita, os docentes tiveram contato com obras que misturam elementos naturais com objetos transformados pelo ser humano, como, por exemplo, a obra Fragile Future, de 2005, que utilizou sementes de leão, bronze fosforoso, eletrônicos e luzes de LED para criar uma obra que funde natureza e tecnologia em uma escultura luminosa multidisciplinar, que chamou a atenção do grupo pela delicadeza e o uso de elementos naturais aliados à tecnologia.
Obra Fragile Future, de 2005, que utilizou sementes de leão, bronze fosforoso, eletrônicos e luzes de LED, na exposição Studio Drift Vida em Coisas, em BH.
Nos dias 12 e 13 de outubro a vivência foi realizada no Instituto Inhotim, maior museu a céu aberto do mundo, com aproximadamente 140 hectares de galerias de arte e paisagismo em todos os cantos por onde se caminha. Durante os dois dias de visita, os professores foram acompanhados por uma guia e se emocionaram com a sensibilidade e a beleza de muitas obras de arte expostas ao ar livre e diversas galerias. Entre elas, as galerias Adriana Verejão, Cosmococa (Hélio Oiticica) e Yayoi Kusama, além dos jardins temáticos, especialmente o Veredas, foram as que mais chamaram a atenção da professora Carolina. A docente relata que muitas emoções e reflexões foram despertadas a partir das propostas dos artistas e do lugar em si, e a companhia dos colegas fez a experiência ser ainda mais rica.
Os professores puderam visitar inúmeras galerias de arte, tendo visitado a exposição fotográfica de Claudia Andujar, uma fotógrafa e ativista suíça, naturalizada brasileira, que de 1950 a 2010 fez registros do universo Yanomami, povo indígena que vive no norte da Floresta Amazônica.
Ainda, os docentes conversaram com Vinícius Porfírio, biólogo que atua do Centro Educacional do Instituto, que relatou como o Inhotim atua com a comunidade escolar (professores e estudantes) do entorno para promover uma formação humana, colocando as pessoas em contato com a arte, a natureza e, a partir delas uma visão de mundo mais abrangente que visa a estimular o crescimento e o desenvolvimento da sociedade.
No dia 14 de outubro os docentes da Univates foram acompanhados a lugares atingidos pela tragédia-crime, como a comunidade tem se referido ao rompimento da barragem de rejeitos de mineração da Vale, ocorrido em outubro de 2019, onde os sentimentos foram profundos em relação a como o ser humano tem capacidade de causar impactos extremamente negativos em decorrência de suas atividades. Foi possível observar a estação de tratamento de efluentes montada para tratar a água do rio Paraopeba, que ainda está contaminado por diversas substâncias nocivas despejadas durante o desastre. Foram realizadas visitas ao futuro memorial às 272 vítimas fatais do desastre e também à igreja da comunidade, que foi o ponto de referência durante as operações de resgate. Além disso, o guia explicou a história de algumas pessoas atingidas e quais são os impactos pós-desastre na comunidade de Brumadinho.
No mesmo dia, o grupo esteve na Cerâmica Saracura Três Potes, também em Brumadinho, que utiliza práticas sustentáveis para promover conhecimento dessa atividade ancestral na região em que se localiza, onde, segundo os professores, foram muito bem recebidos pelo José Alberto Bahia Duarte, inclusive com direito a banho de cascata para se refrescarem no calor de Minas Gerais. Por fim, os docentes tiveram a oportunidade de conhecer a comunidade do Quilombo do Ribeirão, que os recebeu com música e uma deliciosa feijoada. Em conversa com os integrantes da comunidade, puderam conhecer a rotina dos moradores e ouvir histórias dos seus antepassados, na época da escravidão, permitindo mais um momento de profunda reflexão.
Os professores da Univates e os moradores do Quilombo do Ribeirão, em Brumadinho, após conversa e degustação de uma excelente feijoada.
Todo o tempo em que estive participando da missão docente me senti inspirada a fazer diversas trocas com meus companheiros de viagem no sentido de pensar formas diferentes de promover experiências e aprendizados significativos. Essas experiências vão além das possibilidades da sala de aula tradicional, como forma de proporcionar aos estudantes da Univates um conhecimento que ultrapassa as questões técnicas de cada curso para que possa haver formação ampla, reflexiva, consciente e que permita seu desenvolvimento e amadurecimento profissional e pessoal, comenta a professora Carolina.
Para a professora Fabiane, a missão docente foi muito especial, porque estar no Instituto Inhotim foi um convite permanente ao pensar vagaroso, à sensibilidade, à percepção estética que excede aquilo que o olho vê. Não tenho dúvidas de que essa experiência nos agregou em termos de conhecimento cultural e artístico. Temos muito interesse em compartilhar com todos os colegas esses conhecimentos e poder contribuir em processos de ensino mais inventivos e sensíveis.