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Institucional, Vale do Taquari

Seminário na Univates debate plano contra catástrofes

Por Lucas George Wendt

Postado em 16/11/2023 13:02:10


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Filipe Faleiro/A Hora

Reorganização das defesas civis, dos planos de contenção, estudos sobre a bacia hidrográfica Taquari/Antas, melhorias nos sistemas de monitoramento, prevenção e alertas, até projetos de longo prazo para construções de estruturas para reservar água como forma de reduzir a velocidade das enchentes.

No Seminário Pensar o Vale Pós-Enchente, autoridades públicas, pesquisadores, líderes setoriais, governo do RS e Promotoria de Justiça, discutiram os passos necessários para que a região consiga mitigar os efeitos das inundações.

O evento ocorreu na Univates e contou com palestras de especialistas da região, do estado e do país. Como efeito prático, serviu como ponto de partida para mudanças nas cadeias de amparo às cidades atingidas por fenômenos climáticos.

Depois de dois turnos de apresentações e painéis temáticos, os participantes elaboraram uma carta, com as proposições do Vale do Taquari para mitigar efeitos das cheias, delineando estratégias de curto, médio e longo prazo.

O prefeito de Estrela e presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), Elmar Schneider, acredita que esse movimento tem como marca a união de toda a região. “A agressividade dessa enchente nos surpreendeu e também serviu para refletirmos. Neste momento, chamo atenção para a fotografia dessa carta. A tragédia nos mostrou que precisamos atuar juntos.”

Da associação dos municípios do Alto Taquari (Amat), o prefeito de Vespasiano Corrêa, Tiago Michelon, avalia o seminário como um esforço na busca pela convergência. “Sempre busquei o diálogo. Não acredito em outra forma. Agora, precisamos somar forças na busca pela prevenção. O principal intuito de todos nós é cuidar das pessoas. São elas que vão fazer a nossa região forte de novo.”

A parlamentar de Cruzeiro do Sul, presidente da Associação dos Vereadores (Avat), Daiane Maria, ressalta que o debate provoca todas as entidades regionais a saírem do que chamou de “zona de conforto”. “Tenho que parabenizar quem realizou o seminário pela iniciativa. Depois do dia de hoje (ontem), saio daqui com a esperança de que algo pode ser feito pelo Nosso Vale. O seminário é fundamental por deixar documentado tudo o que aconteceu aqui. Pois quem quer que esteja nos cargos políticos, eles saberão o que fazer para dar continuidade a esse trabalho.”

O Seminário Pensar o Vale Pós-Enchente foi idealizado pelo pelo Grupo A Hora, com participação da Univates, Amvat, Amat, Avat, Amturvales, CIC-VT, Codevat e Comitê da Bacia Hidrográfica Taquari/Antas. O patrocínio foi da Caixa, do Governo Federal e da Corsan, com apoio do Banco Regional de Desenvolvimento (BRDE).

Reforço no monitoramento

A diretora de Hidrologia e Gestão Territorial do Serviço Geológico do Brasil, Alice Castilho, abriu as palestras do “Pensar o Vale Pós-Enchente”. A instituição federal é ligada ao Ministério de Minas e Energia e tem 54 anos de história. “Nossa missão é disseminar conhecimento científico. Trabalhamos nas áreas de hidrologia, recursos hídricos, preservação ambiental, estudo e pesquisa em fenômenos naturais, oferecendo apoio técnico e científico aos órgãos do setor público”, afirma a diretora.

No acompanhamento de recursos hídricos, são 30 anos de atuação em sistemas de alerta no Brasil e hoje operam em 17 bacias. Neste sentido, a diretora ressalta a previsão de mais investimentos para o Vale do Taquari. “Projetamos melhorias significativas na região, com a instalação de novas estações, como em Barra do Fão, Santa Tereza e Guaporé. Além disso, estamos modernizando estações em Auler, Ibiraiaras, Vacaria, Encantado, Muçum, Estrela, Lajeado e Bom Retiro. Serão cerca de R$ 200 mil de orçamento previsto para 2024.

Sobre o apagão de dados, visto em especial nos municípios de Muçum e Encantado em meio ao pico da enchente de setembro, Alice enfatiza a importância de medidas conjuntas, com mais redundância entre réguas automáticas e físicas. “Em situações de emergência, temos de ter marcos em diversos locais públicos. Em prédios, praças e pilares de pontes. Pinturas visíveis e instalação de câmeras podem dar uma noção do nível da água quando houver falhas dos sistemas automáticos.” Para ela, essa abordagem integrada provoca uma sinergia entre diferentes regiões, promovendo uma compreensão coletiva e colaborativa para a otimização do sistema de medição e alerta.

Filipe Faleiro/A Hora

Três painéis e documento 

Carta assinada por autoridades norteia ações da região para mitigar impactos de desastres naturais

Depois das palestras, iniciaram os debates com especialistas, líderes políticos regionais e empresários. Ainda houve duas apresentações introdutórias, com o representante da Hopeful (startup de educação em desastres), Aber de Freitas, e com o vice-presidente do BRDE, Ranolfo Vieira Júnior. As temáticas abordadas foram a base para a elaboração da Carta do Vale do Taquari (Plano de prevenção e evacuação; Ocupação das margens e mobilidade urbana; e Ações estratégicas e viáveis de médio e longo prazo). 

Exemplo de Blumenau

Secretário da Defesa Civil de SC, Carlos Menestrina, destacou investimentos em equipe técnica e prevenção

O terceiro maior município de Santa Catarina é exemplo nacional de prevenção a eventos climáticos. O secretário da Defesa Civil de Blumenau, Carlos Olimpo Menestrina, foi um dos palestrantes pela manhã. “Temos um monitoramento de todo o estado. Na região do Vale do Itajaí, onde estamos, nossos principais problemas são as enchentes, enxurradas e deslizamentos de terra.”

Entre os marcos históricos, menciona a enchente de 1983. “Foi a mais longa da nossa história. Foram 32 dias com a cidade embaixo d’água. Tivemos prejuízos em todas as áreas. Perdas materiais das famílias, das nossas empresas, no emprego.”

O divisor para qualificar os sistemas de monitoramento, alertas e socorros ocorreu em 2008. “Começamos um processo para implementar ações estruturantes e não estruturantes, com um foco na educação da comunidade”.

Como medidas diretas, houve o investimento na construção de barragens, diques e no aprofundamento da calha do rio. Dentro das estratégias não estruturantes, Menestrina ressalta a formação da secretaria de Defesa Civil. Hoje, o setor tem 44 servidores técnicos, divididos em três diretorias (gestão de risco e desastres; Geologia e Análise de Risco; e, Meteorologia).

Em cima disso, há sensores, radares meteorológicos e plataformas de coleta de dados em tempo real. Toda a comunidade pode acessar esses dados por meio de um aplicativo (AlertaBlu).

“Ter parcerias para serviços de monitoramento é importante. Mas, acima disso, é preciso uma Defesa Civil forte. Isso passa por uma tomada de decisão dos gestores públicos”, ressalta.

Dentro disso, outro destaque do secretário é o comprometimento da sociedade. “Hoje a nossa comunidade sabe o que fazer antes e depois. Conseguimos prever onde o rio vai chegar e quais áreas têm risco de deslizamento. Tudo está mapeado e à disposição das pessoas. Tanto que eles não se preocupam mais quanto o nível do rio vai chegar. Blumenau aprendeu a ser resiliente e cada cidadão tem seu próprio plano de ação.”

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