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Artigos

Irã, Israel e as hostilidades no Oriente Médio em 2024

Por Mateus Dalmáz

Postado em 16/04/2024 13:16:26


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O conflito duradouro e complexo entre Israel e a Palestina, que combina elementos políticos e religiosos, se estende por décadas, resultando em um grande número de vítimas fatais e feridos de ambos os lados.

No sábado (13/04/2024), o Irã lançou seu primeiro ataque direto contra Israel, classificado como retaliação por um ataque anterior à sua representação diplomática em Damasco, na Síria. Apesar de não ter assumido responsabilidade, Israel atribui a culpa ao Irã. O governo israelense afirmou ter interceptado 99% dos drones e mísseis lançados com a ajuda dos EUA e outros aliados. Esses confrontos recentes marcam o início de uma nova fase de tensões no Oriente Médio, que está sendo observada de perto pela comunidade internacional.

Neste texto, você encontra detalhes sobre os acontecimentos atuais, suas implicações geopolíticas - e os eventos mais recentes, como o envolvimento do Irã, em abril de 2024 -, além de detalhes sobre os antecedentes desse conflito que permanece como uma das questões mais desafiadoras e duradouras na geopolítica contemporânea.

Irã, Israel e as hostilidades no Oriente Médio

Por Mateus Dalmáz, doutor em História, professor dos cursos de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas da Univates

Os capítulos sobre a tensão no Oriente Médio se sucedem. O ataque promovido pelo Irã contra Israel, no dia 13/04, é o desdobramento de uma série de ações que colocam em jogo a parceria entre Israel e os Estados Unidos, a mobilização dos grupos islâmicos anti-israelenses e a posição pacifista da comunidade internacional. Vale a pena relembrar os episódios. 

Em outubro de 2023, visando paralisar os diálogos de normalização das relações entre Israel e o mundo árabe, o Hamas, grupo palestino e extremista islâmico, atacou o Estado israelense a partir da Faixa de Gaza. O violento contra-ataque de Israel, a partir de então, visou liquidar o Hamas e contou com o apoio incondicional dos Estados Unidos, tradicional aliado de Tel Aviv no Oriente Médio desde os anos 1960. A mobilização da comunidade internacional, especialmente em fóruns multilaterais, como as assembleias da ONU, a favor do cessar-fogo e da ajuda humanitária aos necessitados na Faixa de Gaza não foi suficiente para desmobilizar a parceria entre Washington e Tel Aviv em torno do contra-ataque israelense. 

Para Israel, a reação enérgica serviu ao propósito de demonstrar força política e militar na região, algo invariavelmente praticado em conflitos como a guerra do Canal de Suez, a guerra dos Seis Dias e a guerra do Yom Kippur, por exemplo. Também foi útil para que o desacreditado governo de Benjamin Netanyahu tivesse uma causa em torno da qual mobilizar a sociedade civil e, assim, melhorar os índices de popularidade do governo. 

Para os Estados Unidos, o apoio ao contra-ataque israelense foi importante para reforçar a aliança com Tel Aviv, uma vez que essa é uma das estratégias de Washington para dissuadir tentativas de liderança regional por parte de Estados islâmicos hostis aos estadunidenses, como Irã, Iraque e Afeganistão, por exemplo. O suporte de Joe Biden a Netanyahu também foi útil para que os Estados Unidos ampliassem o raio de ação na região, promovendo ataques contra grupos anti-israelenses, como o libanês Hezbollah e o iemenita Houthi, e, assim, constrangendo o Estado do Irã, apoiador desses grupos.    

Nos primeiros meses de 2024, em meio ao aquecimento das campanhas para sucessão presidencial nos Estados Unidos, o presidente Biden acenou pela primeira vez aos argumentos pró-cessar fogo e pró-ajuda humanitária na Faixa de Gaza, indicando uma desmobilização na parceria com Israel em torno do violento contra-ataque ao Hamas. Com tal gesto, Biden esteve de olho no eleitorado do partido Democrata, historicamente menos identificado com intervenções estadunidenses no exterior do que o partido Republicano.  

Israel, claramente, não pretende encerrar os ataques na Faixa de Gaza a curto prazo. Ainda precisa de provas de que desmantelou o Hamas naquela região. Sendo assim, o ataque providenciado pelos israelenses ao consulado iraniano na Síria, no dia 1º de abril, pode ser interpretado como uma forma de despertar uma reação militar do Irã e, partir dela, remobilizar os Estados Unidos para apoiar o uso da força no Oriente Médio. A resposta iraniana veio no dia 13/04, com o aviso prévio do envio de material bélico via drones no espaço aéreo israelense. Com a ajuda dos Estados Unidos e da Jordânia, Israel obteve êxito na defesa contra a leva de drones iranianos. 

O ataque do Irã escancara o apoio do governo de Teerã aos episódios desencadeados desde outubro de 2023, pelo Hamas. E gera algumas indagações: a participação direta do Irã nas ofensivas contra Israel seria suficiente para reconduzir o governo Biden ao apoio incondicional ao uso da força por parte de Israel na região? Ou não seria suficiente para modificar os planos de abrandamento das hostilidades no Oriente Médio por parte do governo Biden? Na sessão do Conselho de Segurança da ONU, no dia 14/04, tanto os Estados Unidos quanto o Irã indicaram o desejo de não iniciar ofensivas. 

Uma vez sendo essa a tendência, caberá a Netanyahu o ônus de sustentar agressões contra os direitos humanos na Faixa de Gaza, algo que a comunidade internacional já demonstrou não estar disposta a apoiar. Até que ponto o primeiro ministro israelense concentra poderes para sustentar um massacre sem o apoio explícito dos Estados Unidos e com oposição do Ocidente? O jogo de xadrez no Oriente Médio e dentro de cada país direta e indiretamente envolvido no conflito segue em curso.

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