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Artigos

Centro Cultural Univates, 10 anos

Por Ney José Lazzari

Postado em 05/06/2024 13:40:43


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Lucas George Wendt

Divulgação/Univates

Há poucas décadas o Vale do Taquari se consolidou como um espaço social e geográfico com identidade própria dentro do Estado do Rio Grande do Sul. Uma das manifestações simbólicas deste espaço, nos últimos 10 anos, se dá através das múltiplas ações culturais, artísticas, políticas e mesmo arquitetônicas do Centro Cultural Univates.

No final da década de 60 a comunidade lajeadense definiu o espaço que caberia à sua Universidade comunitária e escolheu uma área de terras de 60 hectares, então localizada a mais de 5km do centro da cidade. Essa área, na época predominantemente rural, mal tocava o perímetro urbano da cidade e era ocupada pelo Ministério da Agricultura com um posto agropecuário então desativado. 

A comunidade lajeadense pensou numa universidade fora do centro urbano da cidade, com amplos espaços, jardins e caminhos arborizados, prédios horizontalizados, num modelo clássico de campus universitário dos anos 50 e 60 existente em diferentes países.

Sempre que se pensou o plano diretor do campus da Universidade de Lajeado, mais tarde, da Universidade do Vale do Taquari, foi com a ideia de disponibilizar amplos espaços livres para estudo, lazer e convivência para quem permanece o dia todo na universidade. Assim, os prédios com salas de aula, laboratórios, salas de estudo e pesquisa, etc, são intercalados e interconectados com outros prédios específicos para restaurante universitário, áreas de  esportes, residência universitária, hospital, clínicas médicas e veterinárias, museu, biblioteca, teatro, incubadora de empresas, parque tecnológico, etc.

Com essas preocupações, desde os primeiros esboços, o plano diretor da instituição levou em conta as demandas e as possibilidades que o relevo das terras permitia. Assim, à medida que a instituição foi crescendo, se consolidando e agregando novas áreas do conhecimento, com mais cursos e mais alunos, todas essas possibilidades foram saindo do papel e tomando vida no campus. 

Paralelo a essas intervenções no campus sempre houve a preocupação de manter, preservar e fortalecer espaços naturais como os corpos hídricos, nascentes, trechos de mata e árvores. Exemplos dessa preocupação podem ser o laguinho ao lado do prédio 9 ou o formato arquitetônico do mesmo prédio que levou em conta a preservação de uma araucária existente quando o prédio foi construído em 2004. 

Nesses projetos de expansão e consolidação do campus, o prédio da Biblioteca sempre teve uma atenção especial. Uma primeira biblioteca, numa sala mais ampla do primeiro piso do Prédio 1, funcionou até o final dos anos 1990 quando foi substituída por um prédio específico e desenhado para ser uma biblioteca no atual Prédio 2.

Com a crescente expansão do número de alunos começou-se a pensar na nova biblioteca que deveria comportar o crescimento futuro da universidade  e, ao mesmo tempo, ser uma espécie de prédio icônico da Instituição. A nova biblioteca, pelo seu simbolismo e pela sua arquitetura, deveria representar para o campus universitário o que uma catedral medieval representava para a cidade à sua volta. 

À medida que as discussões e os esboços de projetos foram sendo elaborados, resolveu-se juntar a ideia de uma nova biblioteca interligada fisicamente com um teatro moderno e qualificado, tão necessário para a Universidade, para Lajeado e para o Vale do Taquari. 

Assim nasce o Centro Cultural Univates: um espaço para a guarda de informações e conhecimentos e, ao mesmo tempo, para a transferência e a divulgação desses mesmos conhecimentos, para o lazer, para a cultura diletante e para a convivência humana.

Desde a inauguração do Centro Cultural Univates o mundo tem passado por profundas transformações tecnológicas e o livro impresso deixou de ser o soberano guardião dos conhecimentos. Esse espaço hoje é dividido com as mídias digitais, os livros eletrônicos, etc. Entretanto, a biblioteca mantém o seu papel de guarda e divulgação do conhecimento, assim como o de propiciar espaços de encontros coletivos ou de introspecção individual. 

O Centro Cultural com as suas ferramentas biblioteca e teatro, tem ajudado a mudar a Universidade e a região do Vale do Taquari. É nesse espaço que a região se encontra, seja para ver peças teatrais como Macbeth, espetáculos de dança como Balé Bolshoi, discussões sobre as enchentes e o futuro do Vale, recepcionar o Governador ou o Presidente da República. 

É nesse espaço que a região sente, dança, canta, ri, chora, aprende, ensina, empossa, odeia, ama, aplaude, vaia, abraça, palpita… Enfim, é nesse espaço nobre que a região se reconhece, alimenta sua autoestima, se orgulha da sua Universidade e de ser Vale do Taquari. 

Ney José Lazzari é mestre em Gestão Universitária e presidente da Fundação Univates. 

Lucas George Wendt

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