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Professora relata cotidiano no Timor Leste

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A professora e socióloga do Centro de Ciências Humanas e Jurídicas (CCHJ) da Univates Shirlei Mendes da Silva foi selecionada para lecionar durante o ano letivo de 2012 na Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTL). Ela envia notícias periódicas das atividades desenvolvidas nesse país.

Confira os últimos relatos:

O Museu da Resistência de Timor-Leste

No dia 20 de maio, ocorreu a inauguração do Museu da Resistência de Timor-Leste, com a colaboração da Fundação Mario Soares, de Portugal. O presidente eleito, Taur Matan Ruak fez o discurso inaugural e o Bispo da Diocese de Díli, Dom Alberto Ricardo benzeu o Museu, fazendo uma oração aos heróis mortos em combate durante os 24 anos de luta contra a invasão indonésia. Com uma arquitetura moderna, o espaço foi dividido em diferentes salas de exposições, organizadas cronologicamente, com painéis e fotos da luta do período. Retrato de uma triste história, o acervo mostra a heroica luta timorense pelo direito à autonomia de seu território. Registros chocantes sobre a violência humana, que não cessa de se mostrar, e que, infelizmente, se reinventa constantemente.

Durante o evento, conheci Dona Bilou, líder da resistência nas montanhas. Aliás, a participação das mulheres na luta da independência merece um artigo à parte. Alegre, Dona Bilou mostrou-me sua foto em um dos painéis do Museu.

A Fundação Mário Soares (de Portugal) foi a instituição responsável pela organização do Museu. E na cerimônia de abertura, claro, a apresentação de dança tradicional: os bailarinos vestidos com seus taís (tecidos tradicionais) alegram a comemoração. Muitas autoridades presentes, inclusive o Presidente de Portugal e sua comitiva com cerca de 90 pessoas, incluindo um grupo de empresários portugueses. Portugal tem feito muitas parcerias com Timor. A próxima construção será o prédio da Embaixada portuguesa, junto ao primeiro Centro Cultural de Díli. E a cidade cresce e se modifica rapidamente.

A Feira do Livro em Díli

No domingo, 27 de maio, encerrou-se a Feira do Livro de Díli, em comemoração aos 10 anos da independência de Timor-Leste. O evento atraiu um bom público, mas, mesmo com os 30% de desconto em cada livro, o preço ficou a desejar. Comprei alguns livros sobre a história de Timor, entre eles, um de ficção, chamado Colibere, de Domingos de Souza. O autor é o atual embaixador de Timor no Brasil, e o livro expressa a visão de um timorense no processo de independência deste povo através da vida do personagem Colibere, herói anônimo cuja história sintetiza a vida em Timor durante a ocupação indonésia. Trata-se de um recorte sócio-histórico da luta timorense, analisando desde os aspectos culturais até a violenta repressão indonésia. Nas palavras do autor:

“A farsa dos vinte e quatro anos terminou, o pano caiu sobre o palco. Uma nova lei se inicia. Fomos irmãos, somos irmãos e continuamos a ser irmãos. A guerra nos separou e destruiu. Os desentendimentos de vinte e quatro anos não trouxeram vantagem nenhuma para Ilimanu. Apenas trouxeram uma lição: no futuro não dar mais oportunidades ao divisionismo. É na paz, na unidade e na tranquilidade, na honra, na dignidade e liberdade que Ilimanu deve viver para sobreviver e de mãos dadas construir o seu futuro” (Souza, 2007: 207).

Shirlei Mendes da Silva

de Díli, Timor-Leste

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