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Guerra Farroupilha: movimento civil de quase uma década

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A maior festa popular do Rio Grande do Sul, a Semana Farroupilha, inicia nesta sexta-feira, dia 14 de setembro, e se estende até o dia 20 de setembro - Dia do Gaúcho. Com o tema “Nossas Riquezas”, os Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) promovem inúmeras atividades, como palestras, shows musicais, oficinas e o desfile temático.

E na Univates, não será diferente. O Núcleo de Cultura da Instituição realiza, dias 17, 18, 19 e 21 de setembro, o “Arte na Primeira Hora Farroupilha”, com diversas apresentações relacionadas à arte da tradição gaúcha, como dança, chula, declamação e música. O evento ocorre ao lado da cafeteria no Prédio 9, no turnos manhã e noite.

Saiba mais sobre a Guerra Farroupilha com o professor do curso de História da Univates Luís Fernando Laroque:

“A Guerra Farroupilha foi um movimento iniciado no Rio Grande do Sul, em 1835, mais precisamente na noite de 19 para 20 de setembro daquele ano. A rebelião estendeu-se por praticamente uma década, até 28 de fevereiro, segundo alguns autores, ou 1o de março de 1845, segundo outros historiadores, quando foi feita a assinatura do acordo de paz de Poncho Verde, nos campos de Dom Pedrito.

O primeiro aspecto que é necessário esclarecer do ponto de vista historiográfico é que não se trata de uma revolução, como comumente é referida, mas sim uma guerra civil, uma rebelião etc. Não ocorreram de fato rupturas significativas no âmbito das estruturas políticas, econômicas e sociais, como é o esperado de uma revolução. O que houve foi divergência com o governo central no que se refere à indicação do Presidente da Província, que era Fernandes Braga, o descontentamento em relação à redução do preço do charque no mercado interno brasileiro e o aumento de taxas sobre a importação do sal. No entanto, a república proclamada por Souza Neto, em 11 de setembro de 1836, foi muito mais uma forma de pressão ao governo central do que uma república embasada nos princípios iluministas, já que tanto o voto censitário como a escravidão tiveram continuidade.

Não podemos, obviamente, minimizar a atuação de lideranças, como é o caso de Bento Gonçalves, Bento Manoel, Souza Neto, Corte Real, Gomes Jardim, entre tantos outros do lado Farrapo, e mesmo de Silva Tavares, Muringue, Duque de Caixas e outros do lado Imperial. Todos estes foram homens de seu tempo e cometeram vários atos dignos, mas também outros não tão valorosos, pois tratava-se de uma guerra e, consequentemente, atrocidades ocorrem de ambos os lados.

Destacam-se ainda interfaces da Revolução Farroupilha tanto com a Província de Santa Catarina e a atuação de Garibaldi e Anita quanto com a região Platina, sobretudo o Uruguai em decorrência das características históricas dos 300 anos de um Rio Grande do Sul espanhol.

No cenário brasileiro, há também nesse período outras rebeliões que ocorreram em protesto ao governo central como a Cabanagem (Grão-Pará), Sabinada (Bahia) e a Balaiada (Maranhão). Considerando os estudos históricos mais recentes sobre a farroupilha é importante ressaltar que o Rio Grande do Sul não foi unanimemente farrapo, isto é, centros urbanos como Porto Alegre, Rio Grande, Rio Pardo e São José do Norte, além de não apoiar, foram hostis ao movimento. A região da Serra e as Missões mantiveram uma certa neutralidade o que, consequentemente, favorecia o Império. Nas colônias alemãs, dos aproximadamente 5.300 colonos chegados à Feitoria do Línhamo Canho (São Leopoldo) até 1830, somente em torno de 3.000 somaram-se, forçadamente, aos farrapos. Assim, observa-se que foi na Região da Campanha que o movimento realmente prosperou.

Sobre o termo “farrapo” é importante esclarecer que se relaciona a uma das facções políticas do Rio de Janeiro, que era os Liberais Exaltados (farroupilhas), em oposição às outras duas facções que eram os Monarquistas ou Restauradores (caramurus) e aos Liberais Moderados (chimangos).

Relacionado às comemorações farroupilhas, é importante ressaltar que antes mesmo da Proclamação da República, em 1889, Júlio de Castilhos (futuro Presidente da Província de São Pedro), no jornal A Federação, defendeu o 20 de setembro como “O Dia do Gaúcho”. Posteriormente, em 1948, foi fundado por um grupo de jovens que estudavam no Colégio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, o CTG 35, o primeiro Centro de Tradicionalismo no Rio Grande do Sul. A partir daí, elementos culturais e simbólicos da tradição rio-grandense passaram a ser atualizados e (re)atualizados na construção identitária da sociedade gaúcha, particularmente na Semana Farroupilha”.

 

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